Crianças e adolescentes discutem comunicação em conferência livre

“A mídia precisa ser mais democrática”. “Não queremos padronização de beleza”. “Queremos mais espaço para negros e índios”. “A mulher não pode mais ser tratada somente como dona de casa”. “A criança não pode ser subestimada”.

Reivindicações como essas foram levantadas no último sábado (17/10) na 1ª Conferência Livre Infanto-Juvenil de Comunicação, que aconteceu no Tendal da Lapa, na cidade de São Paulo (SP). Cerca de 120 crianças e adolescentes, entre 6 e 15 anos, se reuniram para elaborar propostas e reivindicar os seus direitos nos meios de comunicação. Em processo final de sistematização pelos adultos responsáveis pelo evento, as propostas serão encaminhadas para as etapas municipal e estadual, prévias da Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM), que será sediada em Brasília (DF) no final deste ano.

Logo no início da conferência, os participantes assistiram a uma apresentação sobre o que estava planejado para o dia e depois se inscreveram em uma das quatro oficinas oferecidas: rádio, vídeo, grafite/publicidade e fanzine.

Eles foram orientados por adolescentes mediadores, que passaram por uma capacitação em publicidade infantil e educomunicação. “Eu aprendi muitas coisas que não sabia, principalmente em relação à publicidade. Também fiquei com medo porque achava que não ia conseguir ajudar os mais jovens, mas, no fim, deu tudo certo”, diz uma das mediadoras, Mariana Almeida, 18 anos.

Enquanto os jovens participantes começavam suas atividades, os adultos responsáveis promoviam um debate sobre a comunicação em geral. Eles também se dividiram em quatro grupos para discutir os problemas e elaborar propostas sobre rádio, Internet, TV e veículos impressos.

Depois da atividade, apresentaram as propostas e levantaram questões importantes como o espaço destinado às crianças na programação das rádios e das emissoras de televisão. “O espaço para as crianças é pensado sob a perspectiva adulta porque hoje querem fazer uma comunicação mais universalizada, sem segregações. Não é à toa que perdemos conjuntos infantis feito por crianças como o Trem da Alegria”, disse a educadora Viviane Querumbim, do Instituto Paulo Freire.

No período da tarde, a coordenadora de educomunicação Gracia Lima do projeto Cala-boca Já Morreu, que trabalha com a comunicação para jovens, mostrou como a comunicação pode influenciar a educação, baseando-se nas propostas já levantadas. Um jornal mural também estava exposto para que as pessoas pudessem expressar suas opiniões sobre “a comunicação que temos e a que queremos”. Os jovens terminaram os produtos, que foram apresentados em uma plenária na qual todos estavam presentes.

O grupo de vídeo se dividiu em três equipes, que produziram vídeos de bolso sobre assuntos variados, como: o que acontece nas comunidades e não aparece na TV. Já as três equipes de rádio fizeram programas como uma radionovela. O grafite e a publicidade retrataram o direito à comunicação. As pessoas que ficaram responsáveis pela confecção do fanzine criaram o RIT-Zine e mostraram a diversidade das mídias. “Eu achei ótimo participar. Aprendi muitas coisas que nem fazia ideia que existiam como, por exemplo, o fanzine”, afirma a aluna de 11 anos da Escola Fernando Gracioso, Pamela Cabral, que participou do grupo do fazine.

O término da conferência se deu ao som de Igor, garoto da região do Grajaú, zona sul da capital paulista, que cantou um rap sobre comunicação, acompanhado por DJ’s do Jardim Ângela. “A 1ª Conferência Livre Infanto- Juvenil de Comunicação foi marco histórico para a comunicação brasileira”, ressaltou uma das organizadoras do evento, Mariana Kz.

Para saber mais sobre as propostas elaboradas e atividades realizadas durante a 1ª Conferência Infanto-Juvenil de Comunicação, acesse o blog: www.confecominfanto.wordpress.com

Texto de Rafael Carneiro da Cunha - Portal Aprendiz

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