Escolas se intrometem no que aluno faz em rede social

 Lucas Marini foi obrigado a tirar comunidade de rede social
Durante uma aula vaga no Sesi de Osasco (Grande SP), os alunos decidiram tirar fotos deitados em colchonetes deixados no pátio para a aula de educação física.
Um deles colocou uma imagem no Facebook (comunidade virtual de relacionamentos) com uma legenda irônica, em que dizia: vejam as aulas que temos no Sesi.
Uma professora viu a foto e avisou a diretora. Resultado: o aluno teve de apagá-la e todos levaram uma bronca.
O caso é um exemplo da luta que as escolas têm travado com os alunos por conta do uso das redes sociais.
Assuntos relativos à imagem do colégio, casos de bullying virtual e até mensagens em que, para a escola, os alunos se expõem demais, estão tendo de ser apagados e podem acabar em punição.
Em uma unidade do Rio Branco, um vídeo com cenas de sexo entre dois alunos, com uniformes, foi parar na internet. O colégio chamou os estudantes e as famílias.
A menina resolveu sair da escola. O menino e o colega que filmou a cena foram convidados a se retirar.
No Mackenzie, contam os alunos, um casal foi suspenso depois de a menina pôr no Orkut uma foto deles se beijando na escola -o que, segundo eles, é proibido.
Rio Branco e Mackenzie não comentaram os casos.
O Sesi diz que só pediu para apagar a foto porque houve um "tom ofensivo". Como outras escolas consultadas, nega que monitore o que os alunos publicam nos sites.

EXERCÍCIOS
Como professores e alunos são "amigos" nas redes sociais, a escola tem acesso imediato às publicações.
Foi o que aconteceu com Lucas Panzini Marini, 16, no Arbos, de Santo André (ABC paulista). Um professor soube da página que ele criou com amigos no Orkut. Nela, resolviam exercícios de geografia -cujas respostas acabaram copiadas por colegas. Ele teve de tirá-la do ar.
O caso é parecido com o de uma aluna de 15 anos do Rio de Janeiro obrigada a apagar uma comunidade criada por ela no Facebook para a troca de respostas de exercícios.
Ela foi suspensa. Já Lucas não sofreu punição e o assunto ética na internet passou a ser debatido em aula.
Transformar o problema em tema de discussão para as aulas é considerado o ideal por educadores.
"A atitude da escola não pode ser policialesca, tem que ser preventiva e negociadora no sentido de formar consciência crítica", diz Silvia Colello, professora de pedagogia da USP.

Atribuição de colégio tem de extrapolar seus muros
Advogada defende que escola vigie a internet

Idealizadora do Movimento Criança Mais Segura na Internet, Patricia Peck defende o direito da escola de vigiar o que seus alunos fazem nas redes sociais. Leia trechos da entrevista com a especialista em direito digital. (FABIANA REWALD)

Folha - A escola tem o direito de monitorar o que os alunos fazem nas redes sociais?
Patricia Peck Pinheiro
- A escola tem uma missão educacional e um dever de garantir a segurança de seus alunos e professores.
Não existe mais uma fronteira física (muro da escola) tão bem definida, e as redes sociais aproximaram essas relações, tornando-as mais desmaterializadas.
Por motivo de prevenção, a escola pode fazer a vigilância do que ocorre nas redes sociais associado ao seu nome (marca e reputação) e, a partir daí, tudo o que pode ocorrer envolvendo alunos e professores.

A escola pode obrigar que alunos apaguem perfis ou comunidades em que falam mal de colegas ou funcionários?
Sim. O direito brasileiro garante a liberdade de expressão, mas exige responsabilidade (por isso proíbe o anonimato), e também trata do abuso de direito, penalizando quem passa do ponto.
Havendo um incidente, a escola deve agir rapidamente para evitar responsabilidade por negligência ou conivência, tendo obrigação de solicitar a retirada do conteúdo do ar e a retratação.

E no caso de publicações sobre o que acontece em classe?
No tocante à exposição de conteúdos ou imagens de sala de aula, cada escola pode determinar a regra colocando no código de conduta do aluno ou atualizando no contrato. A escola pode sim proibir filmagem de sala de aula.

Fonte: Folha de São Paulo/ Foto de Zé Carlos Barretta-Folhapress/ Textode Talita Bedinelli e Fabiana Rewald 19/06/2011
 

Comentários

  1. Interessante este post. Semana passada falávamos justamente sobre isto na sala dos professores.

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