Mídia-educacão: aspectos históricos e teórico-metodológicos

Compartilhamos parte do artigo "Mídia-educacão: aspectos históricos e teórico-metodológicos", de Monica Fantin. O artigo foi publicado na Revista Olhar de Professor nº 14/ Vol.1, de 2011, da Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR. 


Monica Fantin é Doutora em Educação, professora do Departamento de Metodologia do Ensino e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para ler o artigo completo, basta acessar o link http://www.revistas2.uepg.br/
index.php/olhardeprofessor/article/view/3483/2501

Resumo: Situar a mídia-educação como um campo em construção implica aproximar as áreas de conhecimento e seus objetos, saberes e fazeres envolvendo um olhar transdisciplinar que também faz parte de um movimento internacional. Ao considerar a mídia-educação como campo, disciplina, prática social e postura mídia-educativa, o texto aborda alguns aspectos históricos e conceituais da trajetória da mídia-educação e suas perspectivas teórico-metodológicas na prática pedagógica e na pesquisa. A identidade plural da mídia-educação, seus objetivos e contextos críticos, metodológicos e produtivos evidenciam possibilidades de estudo, pesquisa e intervenção nas práticas educativas e culturais. A fim de contribuir com essa reflexão, o texto sinaliza alguns desafios que têm sido colocados à mídia-educação no contexto da cultura digital.


Educação, comunicação e mídiaeducação

Ao refletir sobre o papel que as mídias têm desempenhado na sociedade contemporânea e na formação dos sujeitos, verificamos que a demanda da sociedade nem sempre é a mesma da escola. Por mais que se fale que as atuais gerações de crianças e jovens cresceram com
a TV, com o vídeo, com o controle remoto, e mais recentemente com computador e Internet, o entendimento a respeito das mudanças propiciadas pelas tecnologias de informação e comunicação (TIC), pelas mídias digitais e pelas redes sociais está longe de
ser suficientemente problematizado na escola. 


Sabemos que as mídias não só asseguram formas de socialização e transmissão simbólica,mas também participam como elementos importantes da nossa prática sociocultural na construção de significados da nossa inteligibilidade do mundo. E apesar das mediações culturais ocorrerem de qualquer maneira, as mediações pedagógicas visam  capacitar crianças e professores para uma recepção ativa e a uma produção responsável que auxilie na construção de uma atitude mais crítica em relação ao que assistem, acessam, interagem, produzem e compartilham, visto que a precariedade da reflexão sobre linguagens, conteúdos, meios e interesses econômicos impede uma compreensão mais rica.


A necessidade de contemplar o estudo das mídias e das práticas comunicativas na escola vem sendo discutida há muito tempo na formação inicial e continuada de professores. Desde a década de 1980, Rezende e Fusari (1995, p. 68) enfatizavam que o papel da escola na produção social da comunicação emancipatória com as mídias precisava ser estudado e aperfeiçoado. Era preciso “aprender a elaborar e a intervir no processo comunicacional que se dá entre professores e alunos com essas mídias, para ajudar na realização da cidadania contemporânea”.


A esse respeito, o campo da educação-comunicação tem se preocupado com as mediações escolares e tem se configurado como um campo teórico-prático muito fértil. Considerando que a comunicação é imprescindível para a educação, pois toda prática educativa é uma prática também comunicativa, a comunicação faz parte da educação e, neste sentido, “não existe educação sem comunicação”.


Da mesma forma que qualquer assunto na sociedade diz respeito à questão educacional, visto que tudo pode ser objeto de ensino-aprendizagem, nenhum tema pode ser alheio às interações sociais que fazem parte da comunicação e de seus processos simbólicos e práticos presentes na sociedade (BRAGA; CALAZANS, 2001). Assim, interessa refletir a interface destes campos investidos de competências para tratar de diversos temas do mundo físico e social. Considerando a crescente eliminação de fronteiras e seus necessários deslocamentos no campo das ciências humanas, a autonomia, os limites e as especificações de cada campo tornam-se cada vez mais relativos. No entanto, não podemos esquecer que certas questões desse campo envolvem especificidades, pois as lógicas do sistema educacional são diferentes das do sistema comunicacional, havendo tensões, conflitos, resistências, riscos e equívocos na construção desse caminho.


É nesse contexto que se insere a mídia-educação. E embora ainda não haja consenso quanto ao uso e significado do termo mídia-educação, parece que os objetivos da educação para as mídias se aproximam e dizem respeito à formação de um usuário ativo, crítico e criativo de todas as tecnologias de comunicação e informação e de todas as mídias. A mídia-educação é uma condição de educação para a “cidadania instrumental e de pertencimento”, para a democratização de oportunidades educacionais e para o acesso e produção de saber, o que contribui para a redução das desigualdades sociais.

Apesar do caráter instável do conceito de cidadania e sua “fluidez substancial”, Rivoltella (2006) indica algumas dimensões que qualificam a cidadania e o ser cidadão: o direito civil, a cidadania política, a cidadania social e a cidadania cultural.  E a partir de tal compreensão se chegaria ao que ele chama de “duplo exercício da cidadania”, que seria a cidadania de pertencimento e a cidadania instrumental. De um lado a mídia-educação pode chamar a atenção da sociedade civil e dos poderes políticos aos valores da cidadania, e de outro, através da sua especificidade, a mídia-educação contribui para construir essa mesma cidadania. Educar para a cidadania na escola envolve inclusão, trabalho transversal entre as disciplinas, cooperação, desenvolvimento de identidades complexas, interação com o território, pertencimento ao contexto local, nacional e global. Ao possibilitar isso, a mídia-educação na escola estará investida de novas responsabilidades na sociedade atual e poderá contribuir com a construção de uma nova forma de mediação cultural. (...)


Para acessar o artigo completo: http://www.revistas2.uepg.br/index.php/olhardeprofessor/article/view/3483/2501

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