O papel dos comunicadores na luta contra os processos de exclusão social



Bernardo Toro durante o encontro da Previ e do Banco do Brasil
O filósofo e educador colombiano Bernardo Toro participou da abertura do II Seminário Previ de Comunicação, realizado dia 21 de novembro, no Rio de Janeiro, junto com o XVII Seminário de Comunicação Banco do Brasil. Membro do Conselho da Fundação Avina, que contribui para o desenvolvimento sustentável da América Latina, e ex-consultor da Unicef na área de Educação, Toro acredita que os elementos principais da comunicação são os sentidos e as audiências alcançadas.

Segundo o pensador, a função dos comunicadores é criar condições iguais para os múltiplos sentidos de ver o mundo. "Parte da comunicação é mostrar o valor daquilo que não conhecemos. Os profissionais da área devem lutar contra os processos contemporâneos de exclusão e fazer circular as diferenças sociais", disse.

Em relação ao alcance dos diferentes públicos, Toro explicou que não há comunicação sem audiência. "O que adianta uma mulher rica gastar fortunas em uma bolsa ou em um vestido e não usá-lo em público?", indagou.

Bernardo Toro também explanou sobre o conceito de arqueologia da consciência, que visa deixar explícito, sem ambiguidades, quem nós realmente somos. O filósofo esclareceu que todo ato comunicativo traz consequências de aprendizado, nos ajuda a visualizar futuros possíveis e a dar sentido ao caos da atualidade. "A comunicação tem entre seus papéis a função de eliminar incertezas. Seja em uma crise ou período de guerra, nós sempre procuramos informações no rádio, na televisão ou na internet para nos atualizarmos. Os meios que oferecerem a notícia de maneira mais transparente e clara conquistarão a audiência", disse.

Segundo o filósofo, em pleno século XXI, a humanidade vivencia um paradoxo com as crises fiscais, a volatilidade nos preços de energia e bens naturais. Esse cenário está criando condições para nos reconhecermos como espécie única. "Onde cresce o perigo, cresce a oportunidade. É uma chance de nos vermos como uma verdadeira família humana."

Nesse contexto, ressaltou Bernardo, a humanidade não pode continuar se baseando nos velhos paradigmas capitalistas que serviram de base para a situação atual. Em um tom crítico, mas otimista quanto ao nosso futuro, o filósofo defendeu a prática da cultura do cuidado, afinal, o mundo não suporta mais organizações destrutivas.

"Para sobrevivermos, temos que desenvolver uma inteligência altruísta. Devemos nos afastar dessa inteligência guerreira focada no domínio do outro. Temos que passar para o altruísmo cognitivo e saber buscar uma solução para nossos problemas em parceria com o próximo. Quando pedimos ajuda, reconhecemos o outro e criamos assim uma rede social. Líderes são aqueles que conseguem formar redes com seus grupos sociais", ponderou.

O pensador explicou que apenas valorizando e reconhecendo os outros, cultivando vínculos familiares aprendemos a criar essas redes emocionais. "Se quisermos viver de forma livre, precisamos criar meios para isso. Não pode ser por meio da coação. O recurso mais importante de nossa sociedade é nosso comportamento ético", disse.

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